

ESCOLA MUNICIPAL
SECRETÁRIO HUMBERTO ALMEIDA
ESCOLA INTEGRADA




O PROGRAMA ESCOLA INTEGRADA E A ATUAÇÃO NA ESCOLA MUNICIPAL SECRETÁRIO HUMBERTO ALMEIDA
A Educação Integral tornou-se uma importante política educacional para o município de Belo Horizonte, a partir de discussões e práticas pedagógicas desenvolvidas nas escolas da Rede Municipal quando da institucionalização da Escola Plural, a partir de 1995. Esse modelo pedagógico se organizou em eixos norteadores que referendavam as vivências das idades de formações em ciclos e as escolas repensando o tempo e o espaço como da cidadania, da socialização, da cultura, das linguagens, da diversidade e voltada para a igualdade com equidade. O município, por meio da Secretaria de Educação (SMED), ratifica esses parâmetros para as instituições educacionais, a partir dos princípios da Carta das Cidades Educadoras, da qual, Belo Horizonte, conquista e celebra o título de “Cidade Educadora”, junto a mais 13 cidades brasileiras. O primeiro princípio desta carta estabelece “... o direito a uma cidade educadora como uma extensão do direito fundamental de todos à educação” e o movimento das cidades educadoras propõem uma ampliação do tempo de permanência dos estudantes nas escolas em parcerias com os diversos segmentos sociais da cidade. Nessa perspectiva, em 2006 surge a “Escola Integrada”, como projeto experimental em sete escolas municipais de Belo Horizonte do ensino fundamental. Em 2007, o projeto é ampliado e passa a ser uma política pedagógica para a Rede Municipal, através da elaboração do Programa Escola Integrada (PEI). Com o lema “Belo Horizonte é uma sala de aula” e priorizando os alunos de comunidades vulneráveis socialmente, os estudantes passaram a apropriar-se dos espaços da cidade para realização das oficinas em praças, igrejas, teatros, salões de associações comunitárias, parques, através de convênios, cessão e contratos de locação. Via parcerias públicas e privadas, o PEI proporciona aulas passeios com o intuito de diversificar os bens culturais e qualificar a aprendizagem dos estudantes. As oficinas foram criadas a partir do macrocampo do Programa Mais Educação (PME), Decreto nº 7.083/2010, do Governo Federal, que em suas diretrizes de escola integral para o país reconhecia o estudante como protagonista no processo do conhecimento, quando este absorve e produz saberes nas relações sociais, culturais e políticas, ampliando e intervindo integralmente em seu horizonte formativo. Os macrocampos são: Acompanhamento Pedagógico, Comunicação, Uso de Mídias e Cultura Digital e Tecnológica, Cultura, Artes e Educação Patrimonial, Esporte e Lazer, Educação em Direitos Humanos, Educação Ambiental, Desenvolvimento Sustentável e Economia Solidária e Criativa, Educação Econômica (Educação Financeira e Fiscal) e Promoção à Saúde da Família (PSE)¹ .
Somente o espaço escolar não é suficiente para atender as necessidades das práticas educativas do PEI e a estrutura física das escolas é voltada para o modelo de tempos regulares, o que pressupõe a articulação de espaços parceiros conveniados, gratuitos ou pagos pelo Caixa Escolar para atender a demanda da comunidade escolar. O espaço escolar é um espaço que se apresenta de forma rígida, hierarquizada e normatizada, mas as relações cotidianas, na maior parte do tempo, promovem um ambiente de aprendizagens permitindo uma relação pedagógica e social que supere "a relação dual entre mestre e aluno" (CANÁRIO, 2005, p. 61).
Figuras 1 – 2 – 3: Casa Comum – COMUPRA (Conselho Comunitário Unidos Pelo Ribeiro de Abreu) - Oficinas do PEI
O financiamento ao PEI é efetuado com recurso do governo federal, Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE/Educação Integral) e verba municipal. A partir de 2018, o recurso federal escasseou e o município assumiu o financiamento do programa em sua quase totalidade, mantendo cerca de mais de 55 mil estudantes, articulando ações intersetoriais governamentais e estimulando parcerias diversificadas que promovam o protagonismo das crianças e jovens das instituições escolares da cidade.
A escola é a referência primordial das diretrizes e ações pedagógicas do PEI e conta com a direção e o professor coordenador para acompanhar, orientar, participar, promover e articular a Proposta Política Pedagógica da instituição com todos os segmentos da comunidade escolar. Nesse aspecto, a atuação da equipe PEI, da Escola Municipal Secretário Humberto Almeida, a partir de 2009, vem ampliando o seu campo de atuação nos territórios de aprendizagens do seu entorno, valorizando e qualificando espaços habitados que possibilitem interlocuções com a cultura local e um desses espaços é o Quilombo Mangueiras.
Figura 4 - Território de Aprendizagem - Quilombo Mangueiras
(Fonte: Arquivo Pessoal)
Figuras 5 e 6 - Equipe do PEI EMSHA: Alef, Ana, Ariane, Bruno, Cláudio, Felipe, Guilherme, Júlio, Ludmila, Petrina, Ronan, Sonia e Taís. (Fonte: Arquivo Pessoal)
OBS.: Ariane, Bruno e Ronan não fazem mais parte da Equipe PEI em 2020.
A equipe da EMSHA que trabalha no PEI é composta por oito monitores de 44 horas, uma bolsista de 20 horas e a professora coordenadora², planejando junto aos profissionais, os projetos que norteiam as oficinas, para serem desenvolvidos com estudantes que fazem parte do segundo e terceiro ciclos (6ºano ao 9ºano), nos espaços da escola, nos espaços públicos do bairro e da cidade e na casa locada³. As aulas passeios que fazem parte do cardápio da Secretaria Municipal de Educação (SMED) e os roteiros pedagógicos acrescentados por nós enriquecem e diversificam os conhecimentos, valorizando a cultura, o meio ambiente, o patrimônio e o lazer.
A atuação da equipe de educadores é vital para estabelecer ações que permitam integrar os diversos públicos para conhecer o outro e se reconhecerem identitariamente, perceber o território como espaço de aprendizagem em que estão inseridos em sua história e construir valores e princípios que os instrumentalize a combater preconceitos, discriminações e desconstruam estereótipos do grupo pardo e negro, do qual a maioria faz parte. Esse processo, entendendo a escola como um campo aberto à diversidade social, cultural e racial, favorece a democratização e promove a qualificação da aprendizagem de todos (as) na ressignificação de saberes.
Notas
¹Programa que tinha parceria Educação-Saúde, extinto em 2019.
²Com a implantação do Programa Escola Integrada (PEI) em 2009, na Escola Municipal Secretário Humberto Almeida, o Professor de Ciências Marcelo Silva de Souza foi o primeiro “Professor Comunitário”, nomenclatura estabelecida pelo programa para o coordenador. Um ano após a sua saída, a Professora de Geografia, Luciana de Castro Fonseca Umbelino assumiu a coordenação do PEI. Em 2011, com a saída da professora Luciana, eu, Sonia dos Santos França assumi como “Professora Comunitária”. Atualmente, a nomenclatura é Professora Coordenadora.
³Com a pandemia do Corona vírus e o isolamento social, a partir de 18 de Março de 2020, as escolas fecharam e sem o atendimento dos/as estudantes, a Secretaria Municipal de Educação (SMED) rompeu com os contratos de locações de aluguéis.
Referência Bibliográfica
FRANÇA, Sonia dos Santos França. Kizomba: desconstruindo estereótipos e combatendo o racismo. Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização). 2019. 87f. Educação, Diversidade e Intersetorialidade - Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2019.